5 cidades-fantasma no Brasil que você provavelmente não conhecia
Você muito provavelmente está em quarentena, e se, como eu, já está há mais de 10 dias trancado em casa, também deve estar pensando em cenários de filmes e livros pós-apocalípticos no melhor estilo ‘Ensaio Sobre a Cegueira’ ‘Exterminador do Futuro’ etc etc etc.
Olhando pela janela e contemplando minha cidade ainda mais vazia, pontuada por um ou outro humano caminhando lentamente com capuz na cabeça, máscara no pescoço e mãos enluvadas carregando sacolas de compras, comecei a pensar em cidades-fantasma. E acabei Googlando o termo no celular. E quando fui ver tinha passado um fim de semana mergulhada em matérias e documentários sobre o tema (sempre me disseram que tenho uma personalidade meio compulsiva, rs). Divido com vocês uma lista das 5 cidades-fantasma brasileiras que mais me chamaram a atenção, seja por terem se reinventado em um fenônemo pop-teen, seja pela história tenebrosa por trás do abandono.
Airão Velho (AM) — A cidade do apocalipse formiga
A cidade nasceu em 1694, e foi a primeira às margens do famigerado Rio Negro. Desde a época da colonização portuguesa até o final da Segunda Guerra Mundial Airão Velho foi considerada uma das vilas mais importantes da região, já que concentrava toda a produção de borracha da área compreendida entre o alto Rio Negro, Rio Branco, rio Jaú e afluentes.
Não se sabe ao certo porque a cidade parou de existir, e a teoria mais popular é que uma invasão de formigas comedoras de gente (SIM! FORMIGAS COMEDORAS DE GENTE) acabou expulsando todos os seus moradores para as cidades vizinhas. Ainda assim, muito turista que está passeando pelo norte do Brasil acaba indo pra lá tirar umas selfies maneiras, o que inevitavelmente acaba me fazendo pensar em que ponto chegamos enquanto humanidade, principalmente porque eu provavelmente faria a mesma coisa se estivesse por lá, rs.
Por mais que seja interessante pensar em formigas assassinas aniquilando toda uma população, é bem mais provável que a real razão do abandono tenha sido o fim do ciclo da borracha no Brasil, causado principalmente pela substituição da borracha brasileira pela malaia por empresas norte-americanas.
A única pessoa que zela por Airão Velho hoje é o eremita Shigeru Nakayama, que pode te dar um tour se você quiser conhecer o lugar (sério). Se você quiser saber mais sobre o passeio, pode clicar aqui
Fordlândia (PA) — Made in USA
Bizarramente essa cidade foi fundada por Henry Ford, ele mesmo, o criador da Ford. A ideia do empresário era ter uma cidade toda dedicada ao cultivo da borracha para fornecer os pneus para os carros da companhia. Em teoria o plano parecia bom, Ford só esqueceu de pesquisar a qualidade da terra antes de investir — e no final das coisas ela acabou se revelando imprópria para o cultivo de seringueiras. Foi tipo a versão milionária de se comprar uma tigela de alumínio pra esquentar suas marmitas no microondas. Obviamente, a cidade não tinha razão para existir depois dessa falha épica, e em alguns anos todo mundo sumiu de lá.
Igatu (BA), a Machu Picchu tupiniquim
A cidade baiana chegou a ter mais de 10.000 habitantes no final do século XIX, em decorrência do ciclo de exploração de diamantes que se estendeu a diversas cidades no Norte do Brasil. Consequentemente, nessa época a cidade abrigou cassinos, bordéis e mansões no melhor estilo do velho-oeste norte-americano. Quando as minas de diamante secaram, as pessoas acabaram indo embora aos poucos — hoje restam mais ou menos 300 pessoas por lá, que basicamente sobrevivem do turismo: Igatu é chamada de ‘Machu Picchu brasileira’ em função das construções de pedra, bastante incomuns no país naquela época. O aspecto tenebroso de Igatu fez com que ela fosse cenário dos filmes Abril Despedaçado (2001) e Besouro (2009).
Reza a lenda que Igatu é a cidade perdida citada no misterioso Manuscrito 512, um dos arquivos manuscritos da época Brasil colonial que era guardado no acervo da Biblioteca Nacional. Há quem alegue ver luzes vagando no topo da montanha e percorrendo as ruas — essas luzes seriam as responsáveis por entrar nas casas das pessoas e levá-las embora.
Arapira (PR) — quando o cemitério é a parte mais ativa de uma cidade
Diferentemente das outras cidades que vimos até aqui, a razão pela qual os mais de 500 moradores decidiram deixar Arapira ainda é totalmente desconhecida, e a cidade não possui mais nenhum morador — a única coisa que segue ativa por lá e o cemitério, por ser o único na região (super creepy, eu sei).
A cidade, acessível apenas por barco, é visitada pelos locais duas vezes ao ano — em Finados, por motivos óbvios e no dia 19 de março, dia de São José do Ararapira, padroeiro de lá. Um caseiro foi contratado para manter a ‘casa em dia’, e os ex-moradores se Arapira se orgulham de dizer que não tem assombração nenhuma por lá, informação que é veementemente desmentida pelos barqueiros que trabalham transportando as pessoas até a cidade: eles reportaram que é possível avistar uma mulher de branco acenando para as embarcações desavisadas que passam perto da cidade de madrugada; que é possível sentir cheiro de sangue na trilha entre a cidade e o cemitério; que o sino da igreja badala sozinho; que dá pra escutar gemidos nas celas da delegacia abandonada e que rianças-fantasma saem de seus túmulos para passear por Arapira. Bastante ação para uma cidade que não tem fantasma, não é mesmo?
Cococi (CE) — abandono no meio do sertão
Fundada no início do século XVIII, Cococi abriga hoje apenas duas famílias, que vivem entre as ruínas e sobrevivem do turismo, já que a desolação pomposa da cidade atrai turistas, fotógrafos e jornalistas. A cidade ganha vida apenas durante o período de novenas à Nossa Senhora, entre 29 de novembro e 8 de dezembro. Consequentemente, a igreja é uma das únicas construções a cidade que permanece relativamente preservada.
Dizem que a cidade está abandonada por ter sido amaldiçoada por um padre furioso, que se sentiu desrespeitado por ter que rezar a mesma missa duas vezes porque uma família poderosa da cidade chegou atrasada à igreja — não é à toa que a igrejinha foi a única a sobreviver ao abandono.
Outra lenda de Cococi consiste na história de um vaqueiro que passou por lá no dia de finados, e encontrou uma menina perdida e com fome, a quem levou para a própria casa e começou a tratar como filha. Depois disso, ele saiu para tolher o gado, prometendo voltar a tempo para a ceia de Natal, que seria comemorado em companhia da criança. Ao retornar, a encontrou em ruínas e foi informado que o lugar estava abandonado há muitos anos, e que antes disso naquela casa morava uma mulher sozinha, que por décadas esperou a volta de seu marido. Deus me dibre.
Para sugestões de temas, é só me mandar uma mensagem nos comentários, ou mesmo um direct no instagram @ximiditi
Fontes:
I write some weird stuff.
Ativa desde 1982, emissora dispara códigos esporádicos que até hoje ninguém foi capaz de resolver
Tema recomendado pela maravilhosa da Glaucia Zanella @gazanella
A UVB-76 é uma estação de rádio que ocupa a frequência 4625 kHz — para conferir a rádio sem precisar arrumar de fato um radio, é só dar uma conferida nesse link:
Trata-se de uma emissora de ondas curtas que está há mais de 30 anos emitindo bipes e zumbidos constantes, interrompidos periodicamente por mensagens em russo. Experts que analisaram a transmissão alegam não se tratar de um sinal pré-gravado, de maneira que existe pelo menos uma pessoa (ou uma equipe, quem sabe?) …
Lindamente recomendada pelo Guilherme Rodrigues @ghi_rodrigues
Não sei se a loira do banheiro ainda apavora o inconsciente coletivo de colégios de todo Brasil, mas na época escolar desta que vos fala era bem normal escutar que se você performasse determinado ritual bizarro (que ia desde apertar a descarga x vezes e bater na porta do banheiro até chutar a porta e gritar uns feitiços estranhos), se depararia com uma loira de vestido branco e algodões no nariz, que te assombraria berrando para você tirá-los da cara dela.
Eu jurava que era algum tipo de histeria coletiva em massa causada pela mistura de imaginação juvenil exacerbada com hormônios efervescentes, até descobrir que a tal loira do banheiro existiu mesmo. …
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