sexta-feira, 11 de março de 2022

Musk deve vir ao Amazonas para falar sobre projeto que leva internet à áreas rurais

 

Elon Musk deve vir ao Amazonas para falar sobre projeto que leva internet à áreas rurais

 O bilionário Elon Musk planeja vinda ao Amazonas para anunciar operações do sistema de satélites “Starlink” que irá monitorar os estudos de desmatamentos e incêndios ilegais, além de desenvolver projetos em escolas e unidades de saúde em áreas rurais levando internet de alta velocidade.

Em novembro de 2021, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, anunciou que buscava parceria com Musk. A data para a visita ainda não está definida.

Já em janeiro, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) concedeu o direito de exploração do satélite estrangeiro até 2027 para oferecer o serviço de satélite em todo território brasileiro.

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quarta-feira, 9 de março de 2022

Brasil tem reservas de potássio para abastecer agricultura até 2100

 

Brasil tem reservas de potássio para abastecer agricultura até 2100, diz pesquisa

Apenas 11% das jazidas estão em terras indígenas, segundo UFMG; projeto que prevê exploração mineral nessas áreas pode voltar à discussão nesta terça, na Câmara dos Deputados

Armazém de mina de potássio
Armazém de mina de potássio12/10/2019REUTERS/Nayan Sthankiya

Pauline Almeidada CNN

no Rio de Janeiro

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Enquanto produtores agrícolas do país se preocupam com os efeitos da guerra na Ucrânia para o abastecimento de fertilizantes, uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais mostra que o Brasil tem reservas que poderiam garantir o abastecimento de potássio até 2100.

Atualmente, de acordo com dados da Embrapa, 50% da importação do insumo vem da Rússia e de Belarus.

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Segundo o professor Raoni Rajão, do departamento de Engenharia de Produção da UFMG, dois terços das reservas se concentram nos estados de Sergipe, São Paulo e Minas Gerais.

Já entre as que estão na Amazônia, apenas 11% se sobrepõem a terras indígenas ainda não homologadas. Os números foram levantados com base em dados do Ministério de Minas e Energia.

A informação vem no momento em que o projeto do governo federal que busca autorizar a exploração mineral em terras indígenas pode voltar a ser discutido, após dois anos parado.

Líderes de bancadas da Câmara dos Deputados relataram à CNN, segundo apuração de Larissa Rodrigues, sobre uma reunião nesta terça-feira (8) para tratar do assunto.

Os parlamentares contaram que o presidente da Casa, Arthur Lira, quer acelerar a aprovação devido à dificuldade do Brasil de ter acesso a fertilizantes em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia.

Em entrevista a uma rádio de Roraima nessa segunda-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro defendeu o projeto e criticou a demarcação de terras indígenas.

“Temos projeto desde 2020 que permite explorarmos essas terras indígenas, de acordo com o interesse do ministério, se eles concordarem, podemos explorar minérios, fazer hidrelétricas. O que o fazendeiro faz na tua terra, o indígena pode fazer do lado”, declarou Bolsonaro.

No entanto, o professor Raoni Rajão não vê da mesma forma. “A afirmação que é necessário mudar a legislação não corrobora”, declarou à CNN.

Já Everaldo Zonta, professor do departamento de Solos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), ainda avalia que as jazidas em terras indígenas trazem o desafio da tecnologia.

“É um potássio que não vai ser conseguido tão cedo, não por problemas ambientais, mas é um potássio em forma de salmoura, profundo. Nós não temos tecnologia ainda”, declarou.

Como conquistar independência?

O Brasil depende da importação de fertilizantes à base de nitrogênio, fósforo e potássio para garantir a produção agrícola. Eles são utilizados para corrigir o solo e garantir o aumento da safra.

Segundo os pesquisadores Raoni Rajão e Everaldo Zonta, o país tinha independência de potássio até 1990.

“Vem desde a privatização da Vale, que era a grande produtora. O aumento da produção de alimentos, que hoje mantém a balança comercial positiva, se deve ao aumento no consumo de fertilizantes, mas a produção nacional não seguiu a mesma linha”, analisa Zonta.

Os dois professores são unânimes em pedir uma política nacional para extração de potássio. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deve lançar um plano nacional de fertilizantes ainda este mês.

Rajão acredita que o cenário da guerra mostra a importância de se investir no mercado brasileiro, mas defende que é preciso incentivo para iniciar uma concorrência com gigantes internacionais que dominam as vendas.

“O governo federal está preparando um plano de fertilizantes, mas isso passa por vários pontos importantes, como equiparar a questão dos impostos. No Brasil, se você produz, você paga 8% de ICMS. Se você importa, não paga imposto. Não faz sentido você ter esse tratamento diferenciado, além de ter a necessidade de uma ação de longo prazo, com estímulos de bancos públicos”, defendeu.

Já Zonta destaca a importância de investimentos em pesquisa para soluções para a busca por fertilizantes.

Estoques para três meses

A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) divulgou que os produtores têm estoque de fertilizantes para três meses.

A entidade mantém diálogo com o governo federal para resolver o problema e espera que a guerra na Ucrânia acabe o quanto antes.

Procurado, o Ministério da Agricultura respondeu à CNN que o Brasil tem fertilizantes para garantir o plantio até outubro. E também que prepara uma caravana de treinamento sobre a eficiência dos insumos, na tentativa de garantir uma economia de US$ 1 bilhão em fertilizantes.

O misterioso túnel descoberto por acidente sob pirâmides no México

 

  • ANA GABRIELA ROJAS, DA BBC NEWS
  • ANA GABRIELA ROJAS, DA BBC NEWS
 ATUALIZADO EM 
Especialistas dizem que túnel descoberto sob as pirâmides de Teotihuacán nunca será aberto ao público (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

Especialistas dizem que túnel descoberto sob as pirâmides de Teotihuacán nunca será aberto ao público (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

Assinatura BBC topo (Foto: BBC)

Uma das descobertas recentes mais importantes da arqueologia aconteceu por acidente no México.

Aconteceu com o arqueólogo Sergio Gomez, que trabalhava na conservação do Templo de Quetzalcoatl ou Serpente Emplumada, em Teotihuacan, também conhecido como "As pirâmides de Teotihuacán", no centro do México.

Era a temporada de chuvas de 2003 e a tempestade que caiu em uma noite de outubro abriu um buraco no chão.

No dia seguinte, Gómez desceu por aquele buraco com a ajuda de uma corda e trabalhadores da zona arqueológica.

Quetzalcoatl ou serpente emplumada era uma das divindades mais importantes da Mesoamérica (Foto: Divulgação)

Quetzalcoatl ou serpente emplumada era uma das divindades mais importantes da Mesoamérica

Ele conseguiu ver que, a 14 metros de profundidade, havia um túnel.

"Eu percebi que era algo muito importante, mas naquele momento eu não tinha muita ideia do alcance da descoberta. Foi com o passar do tempo que compreendemos melhor o uso que teve esse túnel construído pelos teotihuacans há cerca de 2.000 anos", disse ele para a BBC News Mundo.

O túnel tinha sido fechado peloas teotihuacans. A exploração para descobri-lo e saber qual era o seu propósito levou anos.

A cultura teotihuacan remonta aproximadamente ao ano de 400 a.C., mas seu apogeu foi entre os anos 100 e 550 d.C.

Teotihuacán, ou o lugar onde os homens se tornam deuses, chegou a ter uma área de 23 quilômetros quadrados e entre 150 mil e 200 mil habitantes.

Teotihuacán chegou a ter uma área de 23 km quadrados e entre 150 mil e 200 mil habitantes (Foto: Divulgação)

Teotihuacán chegou a ter uma área de 23 km quadrados e entre 150 mil e 200 mil habitantes

"Foi a cidade mais populosa que existiu em todo o continente americano na época pré-hispânica durante o período clássico", explica o especialista.

Era uma cidade muito cosmopolita, onde viviam pessoas de muitas origens étnicas, atraídas pelo fato de o local oferecer muitas oportunidades.

No início, eles se dedicavam à agricultura. Mas depois foram mudando para a produção artesanal e intercâmbio.

Segundo os estudos, a região manteve uma relação comercial com praticamente todas as culturas do período clássico da Mesoamérica.

A descoberta do túnel ajudou a entender mais sobre a história da cidade, que foi destruída e abandonada provavelmente pelos mesmos teotihuacans e séculos mais tarde foi habitada pelos astecas.

O projeto de exploração do túnel foi chamado de Tlalocan, que significa "caminho sob a terra.

Foi a primeira vez que robôs foram usados em uma exploração arqueológica no México (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

Foi a primeira vez que robôs foram usados em uma exploração arqueológica no México (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

"Ele se diferenciou pelo uso da tecnologia que não havia sido aplicada em outros projetos", explica o arqueólogo. Entre eles, o uso de scanner a laser e dois robôs.

Foi a primeira vez que robôs foram usados ​​em uma exploração arqueológica no México. Antes disso, eles só tinham sido usados ​​no Egito.

O túnel estava fechado há pelo menos 1.700 anos. Sua exploração começou em 2009.

Com a ajuda dos robôs, descobriu-se que no final do canal havia um grande espaço aberto. Uma espécie de caverna, aberta pelos teotihuacans, que se abre em três câmaras.

Da entrada principal até o final, o túnel tem um comprimento de 103 metros. Começa a uma profundidade de 14 metros e termina a 18 metros.

O arqueólogo Sergio Gómez diz que mais de 100 mil objetos objetos foram recuperados no túnel (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

O arqueólogo Sergio Gómez diz que mais de 100 mil objetos objetos foram recuperados no túnel (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

Suas paredes são impregnadas de pirita, um mineral metálico que reflete a luz. Com a ajuda de uma lâmpada, o arqueólogo ensina que esse brilho representava as estrelas.

Os teotihuacans usaram o túnel por cerca de 250 anos, segundo o especialista. Depois, eles o fecharam, construindo muros de dentro para fora.

Embora a razão não seja conhecida, sabe-se que eles voltaram algumas vezes e a fecharam novamente.

"Levamos quase 8 anos na exploração. Tudo foi feito com muito cuidado, retiramos cerca de mil toneladas de pedra e terra. Utilizando apenas escovas, agulhas, instrumentos odontológicos", explica Gómez.

No túnel, foram descobertos mais de 100 mil objetos. "O importante não é apenas a quantidade, mas que esses objetos nos ajudam a entender melhor a visão de mundo e a religião dos antigos povos mesoamericanos".

O arqueólogo reconhece que a fase de interpretação de tudo o que foi encontrado está em seu início, mas diz que já existem descobertas importantes.

"Há evidências de que os teotihuacans tinham laços muito fortes com toda a área maia desde os estágios iniciais. Nós recuperamos peças de jade, conchas e caramujos que vêm da Guatemala."

Além disso, diz ele, foi encontrada turquesa originalmente do sudoeste, onde hoje são os Estados Unidos, e objetos que podem ter vindo de Oaxaca e Puebla.

"Isso indica que há um elo comercial, provavelmente também político, entre as elites de Teotihuacán e muitos outros lugares".

Pela primeira vez em Teotihuacán, pedaços de borracha foram recuperados, incluindo 14 bolas em um nível extraordinário de conservação.

"Algo muito surpreendente é que algumas dessas peças foram vulcanizadas, um processo que eles conheciam desde então", diz o arqueólogo.

A borracha não é originalmente do centro do México, mas foi trazida de lugares como Veracruz, Chiapas ou Tabasco.

Gomez conta emocionado que, à medida que avançaram na exploração do túnel, encontravam mais e mais objetos.

"Minha hipótese a princípio é de que encontraríamos um túmulo de alguém muito importante. Pelo significado que tinha o lugar ou uma oferenda espetacular".

Quando o fim do túnel foi alcançado, nenhum túmulo foi encontrado, mas eles não descartam que ele existiu e que os restos mortais foram removidos por uma das últimas explorações de teotihuacans.

O especialista garante que a maioria dos objetos encontrados não foram usados, mas feitos exclusivamente para serem oferecidos.

No final do túnel, nas câmaras, eles encontraram "uma oferenda espetacular". Havia 4 esculturas, das quais três representavam mulheres e uma era homem.

Em Teotihuacán, as mulheres tiveram um papel mais importante que os homens, diz o especialista (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

Em Teotihuacán, as mulheres tiveram um papel mais importante que os homens, diz o especialista (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

As figuras femininas diferem das masculinas por serem maiores e vestidas, enquanto o homem está nu.

"É uma maneira de nos dizer que, em Teotihuacán, as mulheres desempenhavam um papel muito mais importante não apenas na estrutura do poder, mas talvez também na religião", diz Gómez.

As primeiras divindades são femininas, conta. É uma homenagem às mulheres, que eram associadas à fertilidade e à terra.

"Por outro lado, o culto das divindades masculinas é o culto à guerra. É a mudança do modelo da economia da produção para a economia de apropriação", diz ele.

As esculturas traziam bolsas com objetos feitos de jade e pirita, que provavelmente eram usados para magia e adivinhação.

"Eu acho que eles podem ser a representação dos fundadores de Teotihuacán. Os indivíduos que possuem o dom da geomancia e que determinaram onde a cidade deveria ser erguida."

Estavam cercados pelo que poderia ser a representação de montanhas entre as quais havia depressões de mercúrio, que provavelmente representava a água.

Na cosmologia da Mesoamérica, o cosmo foi dividido em três regiões: o céu, a terra e o submundo.

O submundo é um mundo subterrâneo, escuro, frio e úmido.

A cultura de Teotihuacan teve seu apogeu entre os anos 100 e 550 a.C. (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

A cultura de Teotihuacan teve seu apogeu entre os anos 100 e 550 a.C. (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

Mas para os mesoamericanos não era apenas o lugar da morte: era também o lugar da criação, onde tudo surge.

Ali habitam uma série de divindades que são responsáveis ​​por manter a ordem do cosmos.

Gómez explica que, possivelmente, quando os governantes morriam, seus restos mortais eram levados para a representação do submundo como um sinal de que entregavam o poder.

"Da mesma forma, o novo governante desceu às profundezas para adquirir a investidura. O poder não é adquirido dos homens, mas das divindades do submundo. Dali emergia como uma divindade"

Assim, este túnel era para rituais de iniciação, transmissão de poder. Ali, não entravam pessoas comuns.

O Tlalocan é provavelmente um dos lugares mais importantes e sagrados que existiam em toda Teotihuacán, explica ele.

A entrada do túnel é coberta por uma tenda e protegida por uma cerca.

Somente entram os trabalhadores do projeto arqueológico e, excepcionalmente, um convidado.

O submundo não era apenas o lugar da morte: era também o lugar da criação (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

O submundo não era apenas o lugar da morte: era também o lugar da criação (Foto: SERGIO GÓMEZ/TLALOCAN/INAH)

Mas o túnel nunca será aberto ao público.

"É um lugar perigoso. Devemos tomar as medidas necessárias para conservá-lo. É muito estreito e pode ser danificado pela visita maciça de pessoas", explica o arqueólogo.

Ele diz que, para que as pessoas possam entender o que é, eles trabalham em uma reprodução virtual.

O estudo deste túnel também poderia ajudar a entender qual a função que tem outro túnel que existe abaixo da Pirâmide do Sol, a maior da zona arqueológica.

Essa outra passagem foi descoberta em 1972.

"Mas não sabemos o que havia ali. Não havia um arqueólogo e grande parte da informação se perdeu. Por isso, estudar o túnel descoberto sob o Templo da Serpente Emplumada é muito importante para entender mais sobre Teotihuacán".

Assinatura BBC footer (Foto: BBC)