terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Sonda da NASA parece ter flagrado um objeto entrando na atmosfera de Júpiter Por Danielle Cassita | 18 de Fevereiro de 2021 às 13h05 NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Kevin M. Gill Muitas vezes, descobertas científicas ocorrem quando os instrumentos estão voltados para o lugar certo, na hora certa. Foi o que aconteceu com a sonda Juno, da NASA, que sobrevoa Júpiter para estudá-lo de pertinho. Ao analisar os dados de um dos instrumentos da sonda, uma equipe de cientistas identificou a breve ocorrência de um brilho forte à altitude de 225 km, que pode ter sido causado por um meteoro explodindo na atmosfera joviana. Sonda Juno resolve mistério sobre Júpiter, que intrigava cientistas há 2 décadas Sinta-se a bordo da sonda Juno sobrevoando Júpiter de pertinho com este vídeo Missão Juno poderá ser estendida para analisar ainda melhor Júpiter e suas luas A sonda está na órbita do planeta desde 2016 e, entre seus instrumentos científicos, existe o UVS. Trata-se de um espectrógrafo ultravioleta que tem a missão primária de estudar a atmosfera do planeta em busca da ocorrência de auroras. A observação em questão ocorreu enquanto a Juno seguia em sua órbita elíptica em torno de Júpiter, que só passa pelo ponto mais perto do planeta a cada 53 dias — neste período, o UVS consegue coletar dados por cerca de 10 horas. A Juno já produziu grandes registros do planeta, além de informações sobre seu campo magnético e gravitacional (Imagem: Reprodução/NASA/JPL-Caltech) Contudo, se a nave tiver o azar de passar em uma área com bastante radiação, os dados obtidos são prejudicados. Para completar, a Juno realiza rotações a cada 30 segundos, de modo que o UVS consegue coletar dados por cerca de 7 segundos por rotação se a nave estiver no ponto mais próximo do planeta. Assim, quando eles analisaram as imagens obtidas pelo sensor, notaram que o pico de brilho aconteceu em uma área um tanto estranha. Para descobrir qual seria a causa disso, tiveram que eliminar possíveis fontes. As auroras foram as primeiras candidatas analisadas, mas logo foram descartadas porque o excesso de brilho ocorreu em uma área que ficava fora de onde elas costumam acontecer. Depois, a próxima possível causa foi a ocorrência de um evento luminoso transiente (TLE), breves e poderosas emissões de luz na atmosfera superior do planeta. Nesse caso, eles até já foram observados na mesma área em que ocorreu o brilho e têm espectro similar àquele das auroras. Por outro lado, nunca foi observado um TLE com brilho do tamanho do que o UVS observou desta vez. Por fim, era preciso entender se os dados misteriosos vinham de algum erro do instrumento; se isso tivesse acontecido, os fótons estariam posicionados de forma aleatória, mas eles estavam agrupados, o que mostra que não havia problemas no funcionamento do UVS. Imagem do instrumento UVS, com detalhe do objeto e onde ocorreu o seu impacto (Imagem: Reprodução/Giles et all) No fim das contas, a equipe concluiu que o instrumento provavelmente observou o brilho causado pela explosão de um meteoro após a entrada de um objeto na atmosfera de Júpiter. Com base na energia emitida, os cientistas estimam que o objeto pese entre 250 kg e 5 toneladas, com até 4 m de extensão. Impactos do tipo no planeta não são exatamente raros, já que Júpiter é o segundo maior corpo do Sistema Solar e sua gravidade acaba atraindo vários objetos espaciais constantemente. Assim, a equipe calcula que provavelmente há milhares de outros eventos do tipo a serem detectados se a Juno ou outra nave estiverem voltadas para a direção certa. Rohini Giles, autor que liderou o estudo, ressalta a importância científica de estudos de impactos: "os impactos de asteroides e cometas podem ter efeitos significativos na química da estratosfera de Júpiter", explica. "Definir a taxa de impacto é uma parte importante para o entendimento da composição do planeta". O artigo com os resultados do estudo foi publicado no repositório online arXiv, sem a revisão de pares. Fonte: Universe Today, Forbes Gostou dessa matéria? Inscreva seu email no Canaltech para receber atualizações diárias com as últimas notícias do mundo da tecnologia. Email Email COMENTÁRIOS Ofertas Canaltech

 

Sonda da NASA parece ter flagrado um objeto entrando na atmosfera de Júpiter

Por Danielle Cassita | 18 de Fevereiro de 2021 às 13h05
 NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Kevin M. Gill

Muitas vezes, descobertas científicas ocorrem quando os instrumentos estão voltados para o lugar certo, na hora certa. Foi o que aconteceu com a sonda Juno, da NASA, que sobrevoa Júpiter para estudá-lo de pertinho. Ao analisar os dados de um dos instrumentos da sonda, uma equipe de cientistas identificou a breve ocorrência de um brilho forte à altitude de 225 km, que pode ter sido causado por um meteoro explodindo na atmosfera joviana.

A sonda está na órbita do planeta desde 2016 e, entre seus instrumentos científicos, existe o UVS. Trata-se de um espectrógrafo ultravioleta que tem a missão primária de estudar a atmosfera do planeta em busca da ocorrência de auroras. A observação em questão ocorreu enquanto a Juno seguia em sua órbita elíptica em torno de Júpiter, que só passa pelo ponto mais perto do planeta a cada 53 dias — neste período, o UVS consegue coletar dados por cerca de 10 horas.

A Juno já produziu grandes registros do planeta, além de informações sobre seu campo magnético e gravitacional (Imagem: Reprodução/NASA/JPL-Caltech)

Contudo, se a nave tiver o azar de passar em uma área com bastante radiação, os dados obtidos são prejudicados. Para completar, a Juno realiza rotações a cada 30 segundos, de modo que o UVS consegue coletar dados por cerca de 7 segundos por rotação se a nave estiver no ponto mais próximo do planeta. Assim, quando eles analisaram as imagens obtidas pelo sensor, notaram que o pico de brilho aconteceu em uma área um tanto estranha.

Para descobrir qual seria a causa disso, tiveram que eliminar possíveis fontes. As auroras foram as primeiras candidatas analisadas, mas logo foram descartadas porque o excesso de brilho ocorreu em uma área que ficava fora de onde elas costumam acontecer. Depois, a próxima possível causa foi a ocorrência de um evento luminoso transiente (TLE), breves e poderosas emissões de luz na atmosfera superior do planeta.

Nesse caso, eles até já foram observados na mesma área em que ocorreu o brilho e têm espectro similar àquele das auroras. Por outro lado, nunca foi observado um TLE com brilho do tamanho do que o UVS observou desta vez. Por fim, era preciso entender se os dados misteriosos vinham de algum erro do instrumento; se isso tivesse acontecido, os fótons estariam posicionados de forma aleatória, mas eles estavam agrupados, o que mostra que não havia problemas no funcionamento do UVS.

Imagem do instrumento UVS, com detalhe do objeto e onde ocorreu o seu impacto (Imagem: Reprodução/Giles et all)

No fim das contas, a equipe concluiu que o instrumento provavelmente observou o brilho causado pela explosão de um meteoro após a entrada de um objeto na atmosfera de Júpiter. Com base na energia emitida, os cientistas estimam que o objeto pese entre 250 kg e 5 toneladas, com até 4 m de extensão. Impactos do tipo no planeta não são exatamente raros, já que Júpiter é o segundo maior corpo do Sistema Solar e sua gravidade acaba atraindo vários objetos espaciais constantemente.

Assim, a equipe calcula que provavelmente há milhares de outros eventos do tipo a serem detectados se a Juno ou outra nave estiverem voltadas para a direção certa. Rohini Giles, autor que liderou o estudo, ressalta a importância científica de estudos de impactos: "os impactos de asteroides e cometas podem ter efeitos significativos na química da estratosfera de Júpiter", explica. "Definir a taxa de impacto é uma parte importante para o entendimento da composição do planeta".

O artigo com os resultados do estudo foi publicado no repositório online arXiv, sem a revisão de pares.

Fonte: Universe TodayForbes

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