Vacinação contra a covid-19, transição de poder pacífica nos Estados Unidos, expectativa de mais estímulos fiscais e sinalização do fim do auxílio emergencial em Brasília. O cenário de redução das incertezas sobre a economia que parecia improvável até um mês atrás, quando o dólar era cotado acima de 5,80 reais, vem enfim se concretizando e derrubando o preço da moeda americana no mundo e no Brasil.
Desde o início de novembro, o dólar acumula queda de 10,8% contra o real, que perdeu o posto de moeda mais depreciada do mundo entre os principais países emergentes para a lira turca. E, para especialistas em câmbio consultados pela EXAME Invest, a moeda brasileira pode se valorizar ainda mais.
“O real ainda tem muito espaço para se apreciar e estamos muito otimistas para o cenário no ano que vem, quando esperamos que moeda chegue a 4,25 reais”, diz Samuel Castro, estrategista de câmbio e juros para a América Latina do banco francês BNP Paribas.
Somente nos três primeiros dias de dezembro, a queda do dólar beira os 4%. Parte dessa forte apreciação do real em um curtíssimo espaço de tempo, segundo Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual Digital, se deve à forte demanda de investidores estrangeiros por ativos brasileiros, em especial, os títulos do governo.
“Na quarta, a oferta do Tesouro teve demanda três vezes superior à oferta. Isso mostra que o estrangeiro está interessado na parte de renda fixa do Brasil. Isso porque o Brasil tem uma reserva internacional bem significativa e dá segurança para investir em títulos atrelados ao dólar. Isso é um aspecto importante para entender por que o real deixou de ser a moeda mais depreciada”, explica.
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