sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Biografia de Abraham Lincoln


   

       Abraham Lincoln

Político norte-americano
Por Dilva Frazão

Biografia de Abraham Lincoln

Abraham Lincoln (1809-1865) foi presidente dos Estados Unidos da América. Decretou a emancipação dos escravos. Foi considerado um dos inspiradores da moderna democracia tornou-se uma das maiores figuras da história americana. Defendia a causa dos pobres e humildes.

Infância e Juventude

Abraham Lincoln nasceu em Hodgenville, Kentucky, Estados Unidos, no dia 12 de fevereiro de 1809. Filho dos camponeses Thomas Lincoln e Nancy Lincoln, quando pequeno viveu numa casa de madeira, a beira da floresta. Frequentou a escola durante um ano, quando em 1816 sua família mudou-se para Indiana, em busca de melhor condição de trabalho.

Com sete anos Abraham já trabalhava no campo. Ficou órfão de mãe aos nove anos de idade. Seu pai casa-se com Sarah Bush Johnston, viúva e mãe de três filhos, que ficou responsável por sua instrução.

Abraham Lincoln teve vários empregos, foi lenhador, trabalhou numa serraria, foi barqueiro, balconista e Chefe dos Correios da Aldeia de Salem em Illinois. Como barqueiro, em 1831, navegava pelos rios Mississipi e Ohio transportando mercadorias.

Nas horas vagas se dedicava à leitura de livros que pedia aos amigos e vizinhos. Participou como Capitão voluntário, na luta contra os índios no sul do Estado. Foi chefe dos correios e trabalhou na demarcação de terras para o governo.

Início na Política

Filiado ao partido conservador (Whig), entre 1834 e 1840, foi eleito quatro vezes para a assembleia estadual, onde defendeu grandes projetos para a construção de ferrovias, rodovias e canais. Em 1836, foi aprovado em exame para o curso de direito. Depois de formado, tornou-se um advogado muito popular, defendendo as causas dos pobres e humildes.

Em 1837, sua família mudou-se para Springfield, Illinois. Em 1842 casa-se com Mary Todd. Nessa época, embora considerasse a escravidão uma injustiça social, temia que a abolição dificultasse a administração do país.

Em 1846 elegeu-se Deputado Federal por Illinois, quando propôs a emancipação gradativa para os escravos, o que desagradou tanto aos abolicionistas quanto aos defensores da escravidão.

Fez oposição a invasão de terras no México, mas no fim do conflito novas terras foram anexadas aos Estados Unidos. Sua posição o fez perder muitos votos. Lincoln fazia campanha para que essas novas terras ficassem livres da escravidão.

Concorreu para o senado, mas foi derrotado o que o afastou da política durante cinco anos. Seus discursos e debates em torno da escravidão os tornou conhecido e popular. Em 1854 participou da fundação do Partido Republicano e se tornou seu primeiro presidente.

Democratas e Republicanos

Nessa época, grandes transformações sociais ocorriam no país. Ao norte desenvolvia-se uma rica e poderosa burguesia industrial e uma classe operária organizada e numerosa, apoiada pelo Partido Republicano. Ao sul consolidou-se a supremacia aristocrata rural, com grandes propriedades agrárias, apoiadas na monocultura e no trabalho escravo.

A rivalidade política entre o Partido Democrata, dos aristocratas do sul e o Partido Republicano da burguesia industrial do norte, gerava vários conflitos.

Em 1858, Lincoln candidato ao Senado pelo Partido Republicano, fazendo campanha contra o democrata e racista Stephen Douglas, perdeu as eleições, mas tornou-se o liberal mais popular dos Estados Unidos.

Presidência da República

Em 1860, Abraham Lincoln disputou o pleito para a presidência da república e elegeu-se o 16º presidente dos Estados Unidos. Ao iniciar seu governo, em 4 de março de 1861, Lincoln teve de enfrentar o separatismo de sete estados escravistas do sul, que não aceitavam a supremacia industrial do Norte, e formaram os Estados Confederados da América.

Guerra da Secessão

Depois que os Estados do Sul declararam-se separados da União, o presidente foi firme e prudente: não reconheceu a secessão, ratificou a soberania nacional sobre os estados rebeldes e convidou-os à conciliação, assegurando-lhes que nunca partiria dele a iniciativa da guerra. Os confederados, porém, tomaram o forte Sumter, na Virgínia Ocidental.

Abraham Lincoln encontrou o governo sem recursos. Só conseguiu armar sete mil soldados, com os quais começou a guerra. Em apenas um ano, duplicou o Exército, organizou a Marinha e obteve recursos. Os confederados haviam consolidado sua situação, com a adesão de mais quatro estados aos sete sublevados.

Em 1 de janeiro de 1863, Lincoln decretou a emancipação dos escravos. Em meados de 1863 chegaram à Pensilvânia e ameaçaram Washington. Foi nesse grave momento que se travou, em 3 de julho de 1863, a batalha de Gettysburg, vencida pelas forças do norte.

Meses depois, ao inaugurar o cemitério nacional de Gettysburg, Lincoln pronunciou o célebre discurso em que definiu o significado democrático do "governo do povo, pelo povo e para o povo", e que alcançou repercussão mundial.

A guerra continuou ainda por dois anos, favorável à União. Lincoln foi reeleito presidente em 1864. Em 9 de abril de 1865, os confederados renderam-se em Appomattox.

Último Ano e Morte

Embora considerado conservador ou reformista moderado no início da presidência, as últimas proposições de Lincoln foram avançadas. Preparava um programa de educação dos escravos libertados e chegou a sugerir que fosse concedido, de imediato, o direito de voto a uma parcela de antigos escravos.

Inclinou-se também à exigência dos radicais por uma ocupação militar provisória de alguns estados sulistas, para implantar uma política de reestruturação agrária.

Em 14 de abril de 1865, Lincoln assistia a um espetáculo no Teatro Ford, em Washington, quando foi atingido na nuca por um tiro de pistola desferido pelo ex-ator John Wilkes Booth, que se mostrava contrário à abolição da escravidão nos Estados Unidos.

Abraham Lincoln faleceu em Washington, D.C., Estados Unidos, no dia 15 de abril de 1865. 

Última atualização: 04/10/2019

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Dilva Frazão
Possui bacharelado em Biblioteconomia pela UFPE e é professora do ensino fundamental. Desde 2008 trabalha na redação e revisão de conteúdos educativos para a web.
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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Stálin, o facínora com fã clube

 








O planeta Terra tem mais de 8 milhões de espécies diferentes, mas apenas uma delas mata por divergência de opinião. Tubarões devoram, serpentes picam e elefantes pisoteiam, mas só o homo sapiens extermina quem pensa diferente dele. Devido à sua natureza selvagem, a história humana tem uma grande coleção de sociopatas, mas poucos são iguais a Josef Stálin, o sucessor de Vladimir Lênin no comando da União Soviética. Ao contrário de Torquemada, Calígula ou Vlad Tepes, o Empalador, Josef Stálin tem fãs.

Stálin ficou no poder de 1924 a 1953. Nesse período, calcula-se que ele tenha sido responsável pela morte de 20 milhões de pessoas nos gulags (campos de trabalho forçado) e nas transferências populacionais em massa. Essa estimativa é do historiador britânico Simon Sebag Montefiore. E é conservadora. Alguns falam em 60 milhões de cadáveres, mas vamos ficar nos 20 milhões, que é uma Minas Gerais inteira, da Bahia ao Rio de Janeiro. Entre 1936 e 1939, no chamado Grande Expurgo, a taxa de execução era de 1000 pessoas por dia. Nem Robespierre foi tão eficiente.

Os fãs argumentam que Stálin salvou a Europa de Adolf Hitler. De fato, foram os soviéticos que tomaram Berlim, ao contrário do que mostram os filmes de Hollywood. Mas também foi Stálin quem possibilitou a consolidação do poder nazista com o vergonhoso pacto Molotov-Ribbentrop, que entregou a Polônia para a Alemanha. Três milhões de judeus foram assassinados nos campos de concentração montados no país. Dois milhões de poloneses não judeus foram mortos em batalha.

O interessante é que Josef Stálin não era um ogro. Ele era um intelectual bem preparado e sabia muito bem o que estava fazendo. Ele foi editor do “Pravda” e o grande estruturador do Partido Comunista. Leon Trótski o acusou de ter trocado a revolução pelo “culto à personalidade” e pela hegemonia da burocracia como nova classe dirigente da União Soviética. Stálin não gostou e mandou assassinar Trótski.

O ditador tinha especial desprezo por quem pensava. Racionar leva à discordância, e nenhum tirano tolera isso. Calcula-se que dois mil escritores, cientistas e artistas tenham sido executados nos anos 30. Daniil Kharms, um mestre do humor absurdo, foi internado como louco e morreu de fome. Isaac Bábel, contista estimado por Rubem Fonseca, foi preso e fuzilado. Alexander Soljenítsin foi condenado a trabalhos forçados na Sibéria. O satirista Mikhail Bulgákov conseguiu escapar com vida, mas seus trabalhos só foram publicados nos anos 1960. Na sua megalomania, o comissário chegou a fechar o departamento de meteorologia soviético porque as previsões não favoreciam seus planos para a agricultura.

Os crimes de Josef Stálin foram revelados por seu sucessor, Nikita Khrushchov, em 1956. Os principais intelectuais ocidentais deixaram de fazer festinha para ele depois disso. Jean-Paul Sartre, por exemplo, fez um mea-culpa público, enquanto o Albert Camus repetia: “Eu avisei, eu avisei!” 

Só gente muito sem noção leva o stalinismo a sério hoje em dia. Uma dessas criaturas é o cientista social russo Aleksandr Dugin, que além de fã de Josef Stálin também curte Adolf Hitler, o czarismo e produziu um livro em parceria com Olavo de Carvalho. Faz sentido, portanto, que o Brasil agora tenha inventado “influencers stalinistas”. Depois de desenterrar o terraplanismo, o monarquismo e o integralismo, chegou a vez de tirar da cova também o stalinismo. Como diria Millôr Fernandes, “quando uma ideologia fica bem velhinha, ela vem morar no Brasil”.

Paintings by Marcos Herrero

 
















































Guerra dos mundos