Júlio Verne: previsões do autor que se tornaram realidade
Mais do que um escritor, o responsável por obras como 'Viagem ao Centro da Terra' era um grande visionário
3 min de leituraO escritor francês Júlio Verne é considerado por muitos o pai da ficção científica. Suas principais obras, Cinco Semanas em um Balão (1863), Viagem ao Centro da Terra (1864), Da Terra à Lua (1865), Vinte Mil Léguas Submarinas (1869) e A Volta ao Mundo em 80 Dias (1872), influenciaram gerações e inspiraram filmes e séries de TV. Há quase cem filmes baseados em mais de 30 livros assinados por ele.
Júlio Verne nasceu na cidade de Nantes em fevereiro de 1828. Sua verdadeira paixão eram as viagens, que na época eram feitas principalmente de navio. Aos 11 anos, ele fugiu de casa para se tornar marinheiro. Na primeira escala, porém, seu pai conseguiu apanhá-lo — e depois quem apanhou foi o pequeno Verne. Reza a lenda que ele teria jurado não voltar a viajar, a não ser em sua imaginação e fantasia.
Para agradar ao pai, mudou-se para Paris para estudar Direito, em que se formou em 1850. Infeliz e insatisfeito com o trabalho, seguiu o conselho de um amigo, o editor Pierre-Jules Hetzel (que o aconselhou durante toda a carreira) e publicou seu primeiro livro, Cinco Semanas em um Balão.
Foi tão bem sucedido que assinou um contrato de 20 anos com o próprio Hetzel para escrever dois livros por ano. O autor nunca parou de escrever: publicou seu último livro em 1905, ano em que faleceu, aos 77 anos.
Um dos fatos que mais chamam a atenção em suas obras são as previsões feitas pelo escritor que se concretizaram séculos depois. Conheça algumas a seguir.
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Viagem à lua, velas solares e o ponto de lançamento do Apollo 11 na Flórida: Da Terra à Lua (1865)
Júlio Verne previu o que se tornou uma realidade em 1969: no livro, os módulos de passageiros eram lançados por um canhão dar velocidade suficiente para vencer a gravidade. Em uma passagem, ele descreve com estranha precisão o ponto de partida de uma nave: “Esse sítio está situado a 300 toesas sobre o nível do mar e 27º27’ de latitude norte e 5º e 7’ de longitude oeste, parece-me que pela sua natureza árida e rochosa apresenta todas as condições que o experimento exige”. Se convertidas ao sistema métrico, as medidas revelam um local bastante próximo ao Cabo Canaveral. Ainda nesta história, o autor especulou sobre uma espaçonave que usasse propulsão movida através de luz — tecnologia conhecida hoje como velas solares.
Submarinos elétricos, escafandro autônomo e taser: Vinte Mil Léguas Submarinas (1870)
Em uma de suas obras mais famosas, o submarino Nautilus era movido à eletricidade. Na época, os veículos mais modernos eram movidos a vapor e submarinos só surgiram 16 anos depois do relato imaginário de Verne. No mesmo livro, o escritor descreveu o escafandro autônomo, no qual um reservatório de ar era fixado às costas, como uma mochila — algo que só foi criado de fato em 1943. E, finalmente, Verne imaginou uma arma que lançava projéteis carregados de eletricidade estática, algo muito parecido com os tasers atuais.
Noticiários pela TV e videoconferência: O Dia de Um Jornalista Americano no Ano 2889 (1889)
Oitenta anos antes dos noticiários televisivos surgirem, Júlio Verne descreveu a alternativa para os jornais: "Em vez de ser impresso, o Crônicas da Terra seria falado, teria assinantes e partiria de conversas interessantes dos repórteres e cientistas que contariam as notícias do dia". Ele também imaginou o “fonotelefoto”, que seria usado pelos repórteres. "Além de seu telefone, cada repórter tem diante de si uma série de comutadores que permitem estabelecer a comunicação com um telefoto particular. Assim os assinantes não só recebem a narração, mas também as imagens dos acontecimentos, obtidas através da fotografia intensiva." Atualmente, qualquer pessoa com um computador ou smartphone e acesso à internet pode experimentar a engenhoca imaginada por Verne.
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