sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Padre Robson de Oliveira e outras 17 pessoas se tornaram réus nesta quinta-feira

 

Por Rafael Oliveira, G1 GO

 


Padre Robson de Oliveira se torna réu por suspeita de desvio de dinheiro doado por fiéis — Foto: Reprodução/Instagram

Padre Robson de Oliveira se torna réu por suspeita de desvio de dinheiro doado por fiéis — Foto: Reprodução/Instagram

padre Robson de Oliveira e outras 17 pessoas se tornaram réus nesta quinta-feira (10) após a juíza Placidina Pires aceitar a denúncia feita pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). Eles são acusados dos crimes de organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem do dinheiro ofertado por fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).

A defesa do padre Robson de Oliveira disse que “nada mudou" após o início do processo criminal no TJ-GO: "Continuamos tranquilos. Nunca houve ilegalidade". O advogado Pedro Paulo de Medeiros complementou que o TJ-GO decidiu, "por unanimidade, que não tem crime nenhum", se referindo à decisão que bloqueava a investigação, a qual está em análise no Superior Tribunal de Justiça.

G1 tenta contato com a defesa dos demais réus. No dia em que houve a denúncia, na última segunda-feira (7), parte deles se pronunciou (leia as defesas ao final do texto).

Ao receber a denúncia, a magistrada informou que aceitou a acusação do MP-GO, principalmente, "diante da existência de elementos probatórios acerca da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria".

Na decisão, a magistrada determinou ainda a devolução ao Ministério Público das mídias contendo o material apreendido durante a operação para a continuidade das investigações que o órgão entender necessárias. O promotor de Justiça Sandro Haldfeld explicou que os réus podem ser denunciados por outros crimes.

"Agora, há um primeiro processo com relação a fatos que já estavam maduros para o oferecimento da denúncia. Existem ainda outros casos e crimes em investigação, por isso, serão oferecidas novas denúncias sobre outros fatos", esclareceu o promotor.

Padre comprou casa de praia com dinheiro dos fiéis, segundo os promotores — Foto: Reprodução/Fantástico

Padre comprou casa de praia com dinheiro dos fiéis, segundo os promotores — Foto: Reprodução/Fantástico

Denúncia

A investigação do Ministério Público, que veio à tona em agosto, chegou a ser bloqueada por uma decisão do TJ-GO durante cerca de 40 dias. Na última sexta-feira (4), o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, Walter Carlos Lemes, destrancou a ação, permitindo que os promotores retomassem a investigação.

Três dias depois, na segunda-feira (7), o MP-GO denunciou o padre e outras 17 pessoas pelos crimes de organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem do dinheiro.

A denúncia resultou da Operação Vendilhões, que cumpriu mandados em agosto deste ano para apurar o desvio dos donativos. De acordo com as investigações, o dinheiro foi usado para comprar bens como fazendas e casa na praia. Porém, deveria ser destinado para a construção da nova basílica, que ainda está em fase inicial de obras, em Trindade.

Os promotores de Justiça afirmam que o padre comandava a suposta organização criminosa e transferia grandes valores para empresas, com o objetivo de utilizar o dinheiro das entidades como seu, sem prestar contas nem se submeter às regras associativas. Inclusive, consta na denúncia que o sacerdote comprou uma casa para os pais, no valor de R$ 1,1 milhão, com dinheiro dos fiéis.

Casa de luxo de padre Robson foi alvo de mandado de busca e apreensão quando a operação foi realizada, em Trindade  — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Casa de luxo de padre Robson foi alvo de mandado de busca e apreensão quando a operação foi realizada, em Trindade — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Segundo o MP, os réus se dividiam em quatro núcleos:

Núcleo operacional

  • Rouane Caroline Azevedo Martins: apontada como braço direito do padre Robson, ela é suspeita de gerenciar e organizar toda atividade lícita e ilícita;
  • Anderson Reiner Fernandes: com formação jurídica, é suspeito de auxiliar nas atividades lícitas e ilícitas, organizar as fraudes e figurar em diversas transações ilícitas como interposta pessoa (laranja);
  • Gustavo Leonardo Naciff do Nascimento: suspeito de realizar as negociações de imóveis rurais;
  • José Pereira César: contador das Afipes e demais empresas da suposta organização criminosa, é suspeito de atuar para apagar rastros criminosos, criar justificativas contábeis, efetuar registros contábeis indevidos e ajustar e organizar as declarações de impostos de renda dos laranjas;
  • Paulo César Campos Correa: suspeito de comandar uma rede de empresas de comunicação e de auxiliar nas atividades criminosas.

Núcleo dos laranjas

Segundo o Ministério Público, esse núcleo é composto por pessoas que cediam seus nomes para a realização de negócios, seja na aquisição de bens (casas, lotes, apartamentos, empresas) ou para ocultar movimentações financeiras criminosas, ocasiões em que as contas dos laranjas eram utilizadas como mecanismo de passagem de valores, com a finalidade de obscurecer a verdade.

  • Celestina Celis Bueno;
  • Rodrigo Luis Mendoza Martins Araújo;
  • Ana Verônica Mendoza Martins;
  • Anderson Matheus Reiner Fernandes.

Núcleo dos beneficiários

De acordo com os promotores, essas pessoas são familiares do padre Robson e receberam e usufruíram da posse de imóveis pagos com o dinheiro desviado.

  • Elice de Oliveira Pereira (mãe);
  • José Celso Pereira (pai);
  • Adrianne de Oliveira Pereira (irmã);
  • Jeferson de Oliveira Pereira (irmão);
  • Joselice de Oliveira Pereira Carvalho (irmã).

Núcleo da família Cabriny

O MP alega que três irmãos da família Cabriny auxiliavam padre Robson na prática de diversos crimes. Eles possuem diversas empresas, dentre elas a GC Construtora e Incorporadora, que, segundo os promotores, era utilizada para desviar patrimônio da associação mediante a celebração de negócios jurídicos simulados.

  • Onivaldo Oliveira Cabriny Costa Júnior;
  • Gleysson Cabriny de Almeida Costa;
  • Bráulio Cabriny de Almeida Costa.

Manobra de criação das Afipes

De acordo com os promotores de Justiça, o objetivo inicial do padre era expandir e divulgar o Divino Pai Eterno. Por isso, segundo eles, padre Robson organizou a criação da Afipe em 9 de maio de 2004.

Posteriormente, em 15 de março de 2008 foi constituída a Associação Filhos do Pai Eterno e Perpétuo Socorro. Já em 4 de maio de 2009, criaram a Associação Filhos e Filhas do Pai Eterno, todas utilizando o nome fantasia Afipe.

A constituição da segunda e terceira entidades, segundo o MP, foi uma “manobra oculta e dissimulada”, pois muitos dos associados da instituição e membros das diretorias e dos conselhos não sabiam da existência de pessoas jurídicas distintas.

A denúncia argumenta que toda a confusão patrimonial entre as empresas que foram constituídas em nome de outras pessoas tinha objetivo de fraudar e desviar o patrimônio das Afipes.

MP-GO deflagra operação que apura lavagem de dinheiro na Afipe, responsável pela Basílica de Trindade Goiás — Foto: Guilherme Rodrigues/TV Anhanguera

MP-GO deflagra operação que apura lavagem de dinheiro na Afipe, responsável pela Basílica de Trindade Goiás — Foto: Guilherme Rodrigues/TV Anhanguera

Apropriação indevida

O MP diz ainda que padre Robson é “detentor de exímia oratória e grande carisma”. Para os promotores, ele usou destas qualidades para conseguir arrecadar vultosos valores para as Afipes, utilizando como argumento principal a construção de uma nova basílica para a devoção ao Divino Pai Eterno.

A investigação aponta que o sacerdote teria se apropriado indevidamente de mais R$ 7,9 milhões das associações Pai Eterno e Perpétuo Socorro, por exemplo, entre 2015 e 2016, em favor de familiares. Consta na denúncia que o religioso, em diversas oportunidades, deixou evidente que tratava como particular o patrimônio da Afipe e das outras duas associações criadas para receber dinheiro de fiéis.

“De posse de valores bilionários, o denunciado Robson se associou a diversas pessoas para desviar bens das Afipes, lesando a entidade e seus associados. Além dos desvios, a organização criminosa utilizou-se de mecanismos para ocultar e dissimular as origens ilícitas, se utilizando de ‘laranjas’ para o êxito do esquema”, diz trecho do documento.

MP-GO deflagra operação que apura suspeita de irregularidades na Afipe, responsável pela Basílica de Trindade  — Foto: Gabriel Garcia/TV Anhanguera

MP-GO deflagra operação que apura suspeita de irregularidades na Afipe, responsável pela Basílica de Trindade — Foto: Gabriel Garcia/TV Anhanguera

O outro lado

A defesa de Rouane Carolina disse que nega ela nega "veementemente a prática de qualquer ilícito durante todo o período em que exerceu suas funções como funcionária da Afipe, e tem a certeza de que sua inocência será devidamente provada perante a Justiça".

A defesa de Anderson Reiner afirmou que ainda não tem conhecimento da denúncia e que qualquer manifestação será feita no processo.

A reportagem pediu nota para Celestina Bueno e José Pereira, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.

A defesa da família Cabriny informou que vê com espanto a denúncia, já que existe uma discussão, ainda em andamento, acerca da possibilidade ou não do Ministério Público poder investigar tais fatos. Afirmou ainda que o "Tribunal de Justiça decidiu, à unanimidade, que todas as negociações foram lícitas". Independente disso, os irmãos estão tranquilos, pois nada devem. De acordo com os advogados, o que traz ainda mais estranheza é que nenhum deles sequer foi chamado pelos promotores para esclarecer qualquer ponto, pois sempre estiveram e estão à disposição.

VÍDEOS: notícias de Goiás

Professora petista deseja morte de idosos e crianças

 

Professora petista deseja morte de idosos e crianças de direita

Monique Emer também chegou a dizer que cria os filhos à sombra de uma bandeira comunista na parede

Paulo Moura - 11/12/2020 10h59

Professora desejou morte a idosos e crianças de direita Foto: Reprodução

A professora Monique Emer, que trabalha atualmente com alunos do ensino fundamental na Escola Municipal Guerino Zugno, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, virou alvo de duras críticas nas redes sociais nos últimos dias após desejar a morte de pessoas de direita por Covid-19.

Em uma postagem no Facebook, Monique, revoltada com a derrota do candidato petista Pepe Vargas na disputa para a prefeitura de Caxias, fala em “canalizar a revolta incendiária de estudantes” e chama os moradores da cidade de “gente burra, grosseira e tacanha”.

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– Há uma rebeldia nesses jovens, uma insatisfação, uma indignação pronta para ser canalizada. Uma tendência incendiária que a nossa geração de frouxos, frutos da redemocratização, não tem. E não faltam professores, pais e formadores de opinião para potencializar isso – diz.

Em um áudio divulgado nas redes, Monique também diz que “quanto mais” pessoas de direita “morrerem de Covid-19, melhor é”. A professora ainda declara vontade de fuzilar simpatizantes da direita e pede a morte de todas as pessoas que se manifestam em favor do espectro político, incluindo idosos e crianças.

– Da direita, quanto mais morrerem de Covid-19, de tudo, Aids, câncer fulminante, pra mim, melhor é. Já que a gente não pode fuzilar, então que vão na praça fazer bandeiraço (sic) e, se Deus quiser, morram tudo de Covid. Adultos, mulheres, idosos e crianças, não vale um, não se salva um – afirma.

Na publicação do Facebook, Monique ainda diz que cria os filhos, que segundo ela têm menos de 4 anos, em meio “a palestras, manifestações, greves, sindicatos e partidos políticos” e diz que eles “brincam na sala à sombra de uma bandeira comunista na parede”.

– [Meus filhos] almoçam e jantam abaixo de um quadro com Marx, Engels, Lênin, Stalin, Fidel, Che Guevara e todos os grandes revolucionários socialistas da história. Com nem 4 anos, já têm mais de 50 livros e convivem em um ambiente de fortes debates ideológicos e em meio aos movimentos sociais, comunitário, sindical e feminista – completa.

Nas redes, internautas criaram um abaixo-assinado solicitando a exoneração de Monique Emer, afirmando que ela “deixa claro que prega esta ideologia [comunismo] e ódio para seus alunos, fazendo lavagem cerebral em nossos filhos”. A petição recebeu 11.204 assinaturas virtuais e os autores agora pretendem protocolar um pedido de exoneração da educadora.

Outra denúncia sobre o caso foi feita em um ofício encaminhado à prefeitura de Caxias do Sul pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara Municipal da cidade. No documentos, vereadores solicitaram resposta administrativa por parte do poder Executivo local.

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Roberto Jefferson e as três intervenções que mudaram o curso da história e salvaram o Brasil da venezuelização

 

Exclusivo: Roberto Jefferson e as três intervenções que mudaram o curso da história e salvaram o Brasil da venezuelização (veja o vídeo)

LER NA ÁREA DO ASSINANTE

Você já parou para imaginar o que teria acontecido se José Dirceu tivesse se tornado Presidente da República no lugar de Dilma? Ou se em abril de 2020, tivesse iniciado um processo de impeachment contra Bolsonaro, tendo como desfecho a sua cassação? Ou ainda, se Rodrigo Maia permanecesse Presidente da Câmara dos Deputados por mais dois anos?

Estas perguntas podem ter respostas difíceis, porque dependeriam de hipóteses teóricas para um desfecho analítico e conclusivo.

O certo, é que se estas três situações tivessem se concretizando, muito possivelmente o PT teria permanecido no poder até os dias atuais e o Brasil estaria mais perto de ter se tornado uma Venezuela. Bolsonaro nem teria sido eleito... Já quanto a Maia, se tivesse chegado à Presidência da Câmara dos Deputados, é provável que teria rezado a cartilha bolivariana da Republica Bolivariana do Brasil para conseguir se manter onde está hoje.

​Mas entrará para a história do Brasil um homem que conseguiu evitar a perpetuação do PT no poder, a queda de Bolsonaro e a reeleição de Rodrigo Maia como Presidente da Câmara dos Deputados.

​Em sua entrevista de uma hora ao Canal do Youtube Cafezinho com Pimenta, ele faz revelações surpreendentes de cada momento, inclusive analisando os desdobramentos que cada fato teria, caso ele não tivesse feito o que fez em cada circunstância.

​Veja a entrevista completa em que ele também aponta a Ministra Tereza Cristina como favorita à Presidência da Câmara dos Deputados.

Parece que a Vênus Platinada ( #Globolixo ) não manda na Polícia Militar como ela certamente imaginava.

 

Caso da porta-voz da PM do RJ tem 'reviravolta' e globais se dão mal (veja o vídeo)

LER NA ÁREA DO ASSINANTE

Depois da repercussão do vídeo de repúdio da PM carioca a mais uma 'fake news' do grupo Globo, pediram a cabeça da porta-voz tenente-coronel Gabryela Dantas, mas o caso acabou tendo uma reviravolta, como contou o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) em entrevista à TV Jornal da Cidade Online.

O governador do Rio em exercício, Claudio Castro, recuou e promoveu a oficial, que assumirá o comando do 23º Batalhão da PM, responsável pelo policiamento nos bairros do Leblon, Ipanema, Gávea e Jardim Botânico.

A sede da Globo fica no Jardim Botânico, e agora, se os jornalistas militantes tiverem algum problema, terão que pedir ajuda a nossa querida tenente-coronel Gabryela Dantas, como frisou o deputado Otoni de Paula.

Parece que a Vênus Platinada não manda na Polícia Militar como ela certamente imaginava.

Confira:

Servidores da Anvisa prometem não ceder a ‘pressões externas’

 

Servidores da Anvisa prometem não ceder a ‘pressões externas’

Funcionários asseguram que o órgão não serve a interesses de governos

servidores da anvisa prometem

Autarquia está no centro de uma disputa política | Foto: Divulgação/Agência Brasil

Funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicaram na madrugada desta sexta-feira, 11, uma carta aberta reiterando que o órgão está “acima de qualquer pressão”. Os servidores se encontram no centro de uma disputa política provocada pela corrida para a obtenção de vacinas contra a covid-19. A largada foi dada pelo governador João Doria (PSDB-SP), que “atropelou” a autarquia e o governo federal ao marcar para janeiro a vacinação dos brasileiros de São Paulo utilizando a CoronaVac (conhecida na internet como “vachina”). No entanto, o produto ainda não foi aprovado pela Anvisa.

Não deixe de conferir a verdade sobre a “vachina”, na reportagem publicada na edição n° 32 da Revista Oeste

No documento, os profissionais garantem atuar com base em critérios científicos e que não servem aos interesses de governos, de pessoas, de organizações ou de partidos políticos. “Pressões externas são inerentes ao trabalho desenvolvido por nós, servidores da Anvisa, mas o trabalho técnico está acima de qualquer pressão”, informa trecho do comunicado. Além disso, os funcionários asseguram que foi criado um comitê especial durante o surto de coronavírus para se dedicar exclusivamente à análise de dados dos pedidos de registros e autorização para uso emergencial de vacinas.

Leia o documento

CARTA ABERTA À SOCIEDADE BRASILEIRA EM DEFESA DA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Nós, servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), reafirmamos, por meio desta carta aberta, o caráter técnico e independente dos trabalhos e das atividades desenvolvidos pelos servidores da Agência na promoção e na proteção da saúde da população. Por se tratar de uma autarquia sob regime especial, conforme define a própria lei de criação da Anvisa, a Agência não serve aos interesses de governos, de pessoas, de organizações ou de partidos políticos.

Pressões externas são inerentes ao trabalho desenvolvido por nós, servidores da Anvisa, mas o trabalho técnico está acima de qualquer pressão. A Anvisa é um órgão do Estado brasileiro e está a serviço do povo brasileiro. Ao longo dos seus 20 anos de existência, a Agência consolidou-se como uma referência no setor de saúde justamente pelo trabalho desenvolvido por seus servidores, que resultou na reconhecida excelência da sua atuação regulatória e na credibilidade de suas ações e decisões, baseadas exclusivamente em critérios técnicos e científicos.

Deve-se destacar que a Anvisa foi classificada como Agência Reguladora Nacional de Referência Regional pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Em 2019, também foi eleita para ocupar a última vaga disponível no Comitê Gestor do Conselho Internacional de Harmonização de Requisitos Técnicos para Registro de Medicamentos de Uso Humano (ICH). O Comitê Gestor do ICH é composto pelos membros permanentes (Estados Unidos, União Europeia, Japão, Canadá e Suíça) e há quatro vagas para membros eleitos, das quais três foram ocupadas em 2018 (Coreia do Sul, China e Singapura) e, agora, pelo Brasil, cujo mandato vai até 2021.

Além disso, em 30 de novembro deste ano, a Anvisa foi formalmente comunicada da conclusão, com sucesso, do processo de adesão da Agência ao Esquema de Cooperação em Inspeção Farmacêutica (PIC/S, do inglês Pharmaceutical Inspection Co-operation Scheme). Assim, a Anvisa se tornou o 54º membro da iniciativa internacional em inspeção farmacêutica, passando a contar com o reconhecimento internacional da excelência das inspeções em Boas Práticas de Fabricação (BPF) de medicamentos e insumos farmacêuticos de uso humano. O cumprimento das Boas Práticas de Fabricação Farmacêuticas por parte das empresas fabricantes é requisito prévio fundamental para a aprovação e a comercialização desses insumos de saúde no Brasil.

É importante ressaltar, ainda, que o corpo técnico da Anvisa é constituído por servidores de carreira. Ademais, o Comitê criado para se dedicar exclusivamente à análise dos pacotes de dados contidos nos pedidos de registro e de autorização para uso emergencial das vacinas contra a Covid-19, doença caracterizada como pandemia pela OMS desde março de 2020 e que já vitimou dramaticamente mais de 178 mil brasileiros, tem seguido e respeitado preceitos técnicos previstos no arcabouço regulatório sanitário vigente no país.

Nesse sentido, tal comitê tem trabalhado incansavelmente, por meio de avaliação técnica criteriosa, que inclui uma análise rigorosa dos dados laboratoriais, de produção, de estabilidade e clínicos, de forma isenta e sem se submeter a qualquer tipo de pressão política e no menor tempo possível, com o objetivo de assegurar que as vacinas contra a Covid-19 que venham a ser registradas pela Agência sejam seguras, eficazes e produzidas com qualidade. Somos sensíveis e solidários a este momento crítico que todos nós estamos atravessando e temos trabalhado de forma ativa no enfrentamento da pandemia desde o início e em diversas frentes, como no controle sanitário de portos, aeroportos e fronteiras, no registro de kits de diagnóstico da doença, na agilização do registro de respiradores, na elaboração de protocolos de segurança em serviços de saúde, na flexibilização de normas para disponibilização de álcool gel e saneantes, entre outros.

Por isso tudo, neste momento de pandemia, ratificamos nosso compromisso com a saúde, com o povo brasileiro e com uma atuação ética, obrigação de todos os servidores públicos, frente a qualquer tipo de pressão ou intervenção política no desenvolvimento de nossas atividades. Estamos cientes da importância e das expectativas em torno das atividades que desenvolvemos na análise da qualidade, da segurança e da eficácia das vacinas para a Covid-19. Sentimos orgulho de contribuir para enfrentar esta situação inédita de pandemia e estamos cientes de que o nosso trabalho irá reverberar em cada família brasileira, inclusive nas nossas próprias. Afinal, também somos cidadãos e somos igualmente afetados pelas decisões da Anvisa.

Por fim, prestamos nossa solidariedade a todos os familiares e pessoas que perderam entes queridos em razão da Covid-19 e prestamos também nossa homenagem aos trabalhadores da saúde que se encontram na linha de frente de atuação no enfrentamento da pandemia. Podem ter certeza de que nós, servidores da Anvisa, não faltaremos ao povo brasileiro e daremos nossas melhores energias e todo o nosso conhecimento técnico para aprovar, com segurança e com a urgência que a situação exige, as vacinas que o país aguarda com tanta ansiedade. Mantemos o nosso compromisso de atuar em prol dos interesses da saúde pública, honrando a missão da Agência de “proteger e promover a saúde da população, mediante a intervenção nos riscos decorrentes da produção e do uso de produtos e serviços sujeitos à vigilância sanitária, em ação coordenada e integrada no âmbito do Sistema Único de Saúde”.

Guerra dos mundos